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O comércio petropolitano passa por dificuldades. Responsável por empregar mais de 15.800 pessoas (sendo o segundo setor mais robusto da região), a verdade é que, devido à escassez de investimentos, mudanças socioeconômicas e questões naturais que vão além do controle humano – como a pandemia e as chuvas –, o segmento tem sofrido para se manter no azul e, até mesmo, manter a consolidação de outrora, já que o crescimento e a expansão dos negócios tem sido um assunto delicado quando se trata do âmbito municipal. E os números de empregos gerados demonstram isso. Entre 2014 a 2018, o comércio de Petrópolis teve saldo negativo, resultando na perda de 1.900 vagas de trabalho. Já em 2019, apenas 21 postos criados e, em 2020, déficit novamente (-526). Apesar disto, os dois anos seguintes apresentaram rendimento positivo (781 em 2021 e 220 em 2022). Todas as informações apresentadas são do Novo e antigo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Apesar disto, Marcelo Fiorini, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Petrópolis (Sicomércio), ressalta que, apesar da oscilação, o setor apresenta tendência de crescimento. “O comércio petropolitano vem se recuperando, de forma resiliente, após os prejuízos causados pelas restrições da pandemia e o pós-tragédia das chuvas. O início do ano tem sido mais trabalhoso, muito por causa dos reflexos ocasionados pelas mudanças econômicas, mas, acreditamos em uma estabilidade que deverá ser alcançada nos próximos meses. A expectativa é positiva com relação ao aumento das vendas nas datas que são importantes para o comércio. Uma delas, a Páscoa, já tem sido motivo de planejamento, promoções, vitrines enfeitadas e maior engajamento nas vendas através das redes sociais.”, afirma.
O presidente do Sicomércio ainda destaca que, para mudar este panorama, os empresários do ramo estão investindo em mudanças. “Os empresários estão investindo em novos produtos e novas formas de fidelização dos clientes com promoções e atendimentos personalizados através de redes sociais. Mas, temos que salientar: para que o comércio petropolitano continue reforçando a economia e responsável pelo sustento de várias famílias, é preciso que a população também entre nesta corrente e privilegie o comércio local. Temos ótimas marcas, boas lojas e polos de venda importantes”, afirma Fiorini.
Dados do Sebrae mostram que Petrópolis tem evoluído gradativamente na geração de empresas do comércio. Em 2017, por exemplo, foram 540 empreendimentos abertos. Já em 2018, foram700; 2019, 874; e, em 2020, momento de insegurança econômica, o melhor resultado dos últimos anos: 1.057. E o mesmo ocorreu durante 2021 e 2022: 1.431 e 1.393 instituições empresariais criadas, respectivamente.
Para Fiorini, “o aumento no número de estabelecimentos mostra a tendência da melhora dos resultados econômicos dos setores produtivos”. Porém, outros empresários do ramo afirmam que, apesar de positivo, o resultado ainda é preocupante se tratando de uma cidade com o porte de Petrópolis. “Já não temos mais uma economia viva, como era nos tempos áureos da cidade. A verdade, é que estamos em uma terra arrasada, e os números do comércio apontam isso. Um setor tão robusto quanto esse já não se mostra a metade do que uma vez foi. A Rua Teresa, expoente do ramo, hoje está largado às traças. Precisamos de intervenções, e precisamos agora”, afirma o presidente da Câmara de Diretores Lojistas de Petrópolis (CDL) de Petrópolis, Cláudio Mohammad.
Ainda se tratando dos índices de empresas, a coordenadora do curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de Petrópolis (UCP), Professora Vanessa Santos, aponta que o pico de aberturas pode estar mais relacionado há o fato do “empreendedorismo por necessidade”, do que, de fato, de um aquecimento econômico. “Durante o momento mais crítico da pandemia, podemos ter tido um pico de aberturas de microempresas. E agora, o que está acontecendo é que estamos com uma taxa de juros muito elevada. Essa elevação, por consequência, faz com que os preços se elevem, a oferta de crédito é reduzida e, juntando isso ao já existente endividamento das famílias, que está muito presente no momento, a gente acaba sofrendo um complicador no sistema, que acaba prejudicando o crescimento econômico e criando esta insegurança”, teoriza ela.
Esta foi a trajetória na qual Ana Gonçalves trilhou ao decidir abrir o próprio negócio. “Sempre foi meu sonho ter algo meu. E como sempre gostei de costurar, além de trabalhar com isso, decidi seguir neste ramo após não conseguir emprego formal. Nisto, a minha filha se uniu a mim e me incentivou a vender pelo Instagram, e assim criamos um negócio pequeno nosso, em casa mesmo”, conta ela.
Para Fiorini, são necessárias políticas públicas para alavancar o comércio local. “O reforço nas políticas públicas, termino nas obras de recuperação, melhor mobilidade urbana e, claro, estratégicas de comunicação que mostrem Petrópolis como um polo importante de vendas no setor têxtil, o que tem alavanca outros setores produtivos como hotelaria, gastronomia e turismo”, são os principais pontos elencados por ele.
Já Mohammad afirma que a mudança de foco do atacado para o varejo é a principal ação necessária. “A Rua Teresa, por exemplo, já não é o único polo de modas da região e adjacências. Não há mais sacoleiros que vem até a cidade com esta visão. Então, além da mudança de foco, investir no crescimento de opções, criação de banheiros e enterramento de fios para criar um ambiente mais acolhedor são pontos cruciais”, destaca ele.
Fonte: Diário de Petrópolis