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Um terremoto violento de magnitude 7,8 abalou o sudeste da Turquia nesta segunda-feira (6). O desastre causou mais de 2,3 mil mortes. Na Turquia, foram 1.498 mortes e pelo menos 5.385 feridos. A Síria também sofreu consequências e pelo menos 800 pessoas morreram no país e 3 mil ficaram feridos. Os dados são do balanço provisório do presidente Recep Tayyip Erdogan e de equipes de resgate na zona rebelde.
Cerca de 2.834 prédios desabaram com o tremor, acrescentou o presidente, o que sugere que o número de mortos pode ser ainda maior.
A agência oficial SANA, que cita o Ministério da Saúde, informou pelo menos 339 mortos e 1.089 feridos em regiões sob o controle do governo sírio. Os Capacetes Brancos, que operam nas áreas controladas pelos rebeldes na Síria, disseram que houve pelo menos 221 mortos e 419 feridos nesses setores.
Segundo as equipes de resgate, centenas de pessoas ainda estão presas sob os escombros e destroços em cidades e vilas em toda a área.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, se solidarizou com a tragédia.
O tremor foi sentido às 4h17 (22h17 de domingo, no horário de Brasília) e ocorreu a uma profundidade de 17,9 quilômetros, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).
O epicentro foi localizado no distrito de Pazarcik, na província de Kahramanmaras, no sudeste da Turquia, a cerca de 60 km da fronteira com a Síria. Um novo terremoto de magnitude 7,5 atingiu a região às 13h24 (7h24 no horário de Brasília), quatro quilômetros a sudeste da cidade de Ekinozu, de acordo com o USGS. Também houve cerca de 50 tremores secundários, de acordo com Ancara. Os tremores do terremoto foram sentidos até a Groenlândia, de acordo com o Instituto Geológico Dinamarquês.
É muito provável que o saldo aumente rapidamente, levando-se em conta o número de prédios desabados nas cidades mais afetadas, como Adana, Gaziantep, Sanliurfa e Diayarbakir, no sudeste da Turquia.
Devido ao horário do terremoto, de madrugada, a maioria das pessoas estava dormindo em suas casas.
“Minha irmã e seus três filhos estão sob os escombros. Também seu marido, seu sogro e sua sogra. Sete membros da nossa família estão sob os escombros”, disse à AFP Muhittin Orakci, ao testemunhar as operações de resgate em frente a um prédio em ruínas em Diyarbakir. “A irmã dele ainda está sob os escombros”, disse uma mulher, apontando para outra vítima inconsolável na mesma cidade.
Por questões de segurança, o gás foi cortado em toda a região, devido a tremores secundários que poderiam gerar explosões.
O Curdistão iraquiano informou que suspenderá as exportações de petróleo através da Turquia como precaução.
Este é o maior terremoto na Turquia desde 17 de agosto de 1999, que causou 17.000 mortes, mil delas em Istambul.
Segundo o vice-presidente turco, Fuat Oktay, pelo menos três dos aeroportos da zona afetada, Hatay, Maras e Gaziantep, foram fechados ao tráfego. A neve e as tempestades que atingiram a região impediram o tráfego em outros aeroportos, incluindo o de Diyarbakir, constatou a AFP.
“Ouvimos vozes aqui e ali. Achamos que talvez 200 pessoas estejam entre os escombros”, disse uma equipe de resgate em Diyarbakir, de acordo com uma transmissão da NTV. Algumas imagens na televisão turca e nas redes sociais mostram pessoas assustadas, de pijama, vagando pela neve, enquanto observam equipes de resgate vasculhando os escombros de suas casas.
Enquanto isso, a televisão estatal síria relatou o desabamento de um prédio perto de Latakia, na costa oeste do país.
A mídia pró-governo informou que vários prédios desabaram parcialmente em Hama, no centro da Síria, onde bombeiros e equipes de resgate tentavam resgatar um sobrevivente dos destroços. O chefe do Centro Nacional de Monitoramento Sísmico da Síria, Raed Ahmed, disse à rádio oficial que este foi, “historicamente, o maior terremoto já registrado”.
O terremoto provocou cenas de pânico. Muitos moradores saíram às ruas, apesar da chuva torrencial.
Os Capacetes Brancos disseram que a situação é “catastrófica” e pediram às organizações humanitárias internacionais para “intervir rapidamente” para ajudar a população local.
O presidente turco, cuja forma de lidar com essa tragédia pesará muito nas disputadas eleições de 14 de maio, pediu união nacional. “Esperamos sair juntos desta catástrofe, o mais rápido possível e com o menor dano possível”, tuitou.
A União Europeia (UE) e muitos de seus países-membros anunciaram o envio de ajuda e equipes de resgate. O mesmo foi feito por Estados Unidos, Israel, Índia e Ucrânia.
O presidente russo, Vladimir Putin, enviou suas condolências aos líderes turco e sírio e se ofereceu para “fornecer a ajuda necessária” da Rússia após esta tragédia.
O Azerbaijão, país próximo da Turquia, anunciou o envio imediato de 370 socorristas, segundo a agência oficial de notícias turca.
A Turquia está localizada em uma das zonas sísmicas mais ativas do mundo. Especialistas alertam há muito tempo que um grande terremoto poderia devastar Istambul, que permitiu construções generalizadas sem precauções.
O país está sobre o encontro de duas placas tectônicas – uma espécie de bloco que flutua sobre o manto, uma das camadas no interior da Terra. As placas podem se mexer, de forma divergente (movendo-se em direções contrárias), convergente (chocando-se uma contra a outra) e transformante (movendo-se lateralmente); os dois últimos movimentos costumam causar terremotos.
Um terremoto de magnitude 6,8 atingiu Elazig em janeiro de 2020, matando mais de 40 pessoas. Em outubro desse mesmo ano, outro de magnitude 7,0 sacudiu o Mar Egeu, deixando 114 mortos e mais de 1.000 feridos.
*Com informações da AFP e Estadão Conteúdo