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A Câmara de Vereadores de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, aprovou uma indicação legislativa para que o município compre e utilize ivermectina no tratamento precoce da Covid-19, mesmo sem nenhuma comprovação científica da eficácia do medicamento para este fim. O projeto foi apresentado em janeiro e votado na última quarta-feira (3).
A indicação, proposta pelo vereador Octávio Sampaio (PSL), foi aprovada por 11 votos. A Câmara de Petrópolis tem 15 vereadores, um deles não compareceu a sessão. (confira abaixo como ficou a votação).
O respaldo para a indicação são 28 estudos, reunidos em um site internacional, que defendem a eficácia da ivermectina para uso preventivo contra a Covid-19.
A proposta indica que a distribuição da ivermectina em Petrópolis seja firmada por decreto. A distribuição, segundo a proposta, deve acontecer por receituário médico e deve ser incluída no protocolo da secretaria municipal de Saúde “para prevenção e tratamento” do novo coronavírus.
Na quinta-feira (4), a secretaria de Saúde de Petrópolis divulgou uma nota em que se posiciona contrária à indicação.
“A Secretaria de Saúde lembra que não há recomendação médica de medicamentos para tratamento precoce de pacientes com sintomas de coronavírus, portanto, não haverá qualquer orientação neste sentido na rede de saúde”, informou a pasta.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já declarou que a ivermectina, não tem comprovação científica de eficácia contra a Covid-19.
A empresa Merck, fabricante da ivermectina, também informou, em comunicado publicado em fevereiro deste ano, que não há dados disponíveis que sustentem a eficácia do medicamento no tratamento contra a Covid-19. A ivermectina é um vermífugo usado para promover a eliminação de vários parasitas do corpo.
A fabricante destacou que não há base científica para um potencial efeito terapêutico contra Covid-19 em estudos pré-clínicos; não há evidência significativa para atividade clínica em pacientes com a doença; e há uma preocupante ausência de dados sobre segurança da substância na maioria dos estudos.
Em nota, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que pelas evidências disponíveis, “a OMS e a OPAS não recomendam o uso de ivermectina para quaisquer outros propósitos diferentes daqueles para os quais seu uso está devidamente autorizado”.
De acordo com a OMS, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) tem compilado um banco de dados de evidências sobre potenciais tratamentos para COVID-19, entre eles a ivermectina, e feito revisões rápidas dos estudos realizados em humanos.
“Embora estimativas sugiram benefícios com ivermectina, fatores como limitações metodológicas dos estudos apontam que as evidências são insuficientes e que mais pesquisas são necessárias para confirmar ou descartar esses achados. A OPAS e a Organização Mundial da Saúde (OMS) continuarão a analisar as evidências produzidas sobre o tema, de modo a prover os países e suas populações com informações baseadas na ciência”, reforçou a organização.
Além do voto do vereador responsável pela indicação, Octávio Sampaio (PSL), apoiaram o projeto os vereadores Maurinho Branco (DEM), Ronaldo Ramos (PSB), Mauro Muniz Peralta (PRTB), Gilda Beatriz (PSD), Domingos Protetor (PSC), Jornalista Eduardo do Blog (Republicanos), Marcelo Chitão (PL), Junior Paixão (DC), Marcelo Lessa (Solidariedade) e Dudu (MDB).
O vereador Gil Magno (DC) faltou a sessão, Fred Procópio (PL) e Junior Coruja (PSD) se abstiveram. O único que votou contra a indicação foi o vereador Yuri Moura (PSol), que deu uma declaração sobre seu posicionamento.
“É inaceitável que uma casa de interesse público, como a Câmara, indique ao legislativo a compra e distribuição de medicamentos sem comprovação científica e não regulado pela Anvisa para este fim. É uma sinalização muito ruim, que coloca a população em posição de cobaia, justamente no momento de piora da pandemia e com recordes de mortes no Brasil. Além disso, fingir que existe um remédio que salva, prejudica o engajamento pelo distanciamento social. O que salva é a vacina, uso de máscaras e seguir as demais recomendações para evitar o contágio ”, defendeu o parlamentar.
Fonte: G1